O beneficio de sustentar

domingo, 1 de novembro de 2009 |

Por: Ivana Machado, ivanna.mv@hotmail.com

Última Atualização às 17h00


Nunca se ouviu falar tanto em sustentabilidade, mas o que seria essa tal sustentabilidade? E porque essa questão vem sendo tão debatida? O que será que fizemos com a natureza para que ela grite por socorro? E o que nós jornalistas faremos para conservar os recursos naturais que ainda temos?

Não pense você, que nós estudantes, não sabíamos o que era sustentabilidade, mas esse conceito de usar os recursos naturais com responsabilidade, para garantir que as próximas gerações também possam utilizá-los, a grande maioria da população sabe, assim como tudo que o homem no decorrer da sua história fez com os recursos naturais.

Mas foi tentando responder a estas e outras perguntas que durante quatro dias, um grupo de estudantes de jornalismo, profissionais do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis), do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e jornalistas que trabalham na área de meio ambiente, reuniram-se em Juazeiro do Norte no estado do Ceará. Especificamos nosso debate em torno da Flona do Araripe e os desafios para sua conservação.

A Flona do Araripe é uma Unidade de Conservação Brasileira, que abrange os Municípios de Santana do Cariri, Crato, Barbalha e Jardim, na micro-região do Cariri cearense. Sua área total é de 39.262,326 ha, apresenta característica da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. A Flona foi criada no dia 02 de maio de 1946, através do Governo Federal pelo Decreto 9.226, o que a torna a primeira floresta nacional criada em território brasileiro.


                                 Floresta Nacional do Araripe

Para garantir a preservação desta área, e fazer com que a comunidade que vive na região consiga sustentar-se dos produtos da caatinga, é que algumas ações de uso sustentável foram implementadas na região. O projeto de Conservação e Uso Sustentável da Caatinga é uma tentativa do Governo brasileiro, em demonstrar práticas alternativas de uso sustentável que resultem em uma sustentabilidade socioambiental, no semi-árido brasileiro. São práticas como o manejo florestal de uso múltiplo e processos de melhoria da eficiência energética, associados a esforços de fortalecimento institucional para gestão ambiental.

A Bodega de Produtos Sustentáveis do Bioma Caatinga nasceu da necessidade em se conservar a Caatiga. É um espaço para comercialização de produtos dos pequenos e sustentáveis empreendimentos da região, é um desafio de promoção e comercialização de produtos que são coletados, cultivados, criados e beneficiados por grupos informais, associações e cooperativas. Atuam defendendo e respeitando a conservação e utilização sustentável da agrobiodiversidade, da biodiversidade e dos demais recursos naturais.

Uma destas associações é a dos moradores do Distrito Horizonte, localizada na cidade de Jardim no Ceará, com 70 famílias associadas. Especializada nos produtos produzidos através do Piqui, muito rico em vitaminas E, A, C e riboflavina(B2). São óleos comestíveis e aplicáveis, cremes, biojóias, doces, biscoitos, pão e recentemente o molho, que agregou novos valores ao produto. Laurilúcia Silva Alves, responsável pela associação, fala que o piqui está no cotidiano da comunidade, e que a preocupação com o uso sustentável já está arraigada na comunidade, onde existe um projeto para se plantar mais mudas do fruto, que é tão importante para a comunidade.


                                    Produtos extraídos do piqui

A safra do piqui, na região, acontece entre os meses de janeiro e março, na entre safra trabalha-se com o piqui estocado. O sucesso dos produtos extraídos do piqui é tão grande, que o espaço da associação não comporta mais toda a produção. O Bioma Caatinga já perdeu 57% de sua área total, ou seja, só nos resta uma área de 36 milhões ha, de um total de 850.000 km²(IBGE). A comunidade Jardim está fazendo sua parte, há algum tempo.

Ao final do laboratório já em casa, me veio novamente o questionamento, o que eu, como indivíduo, estou fazendo para conservar o que ainda resta na natureza? O que eu, como jornalista, muitas vezes formador de opinião, estou fazendo para preservar os recursos naturais? E descobri que o primeiro passa eu já dei, reconheci que se eu não fizer nada, serei mais um em milhões, reconheci que se eu não tentar conhecer mais sobre o assunto, não saberei que as futuras gerações dependem de mim, reconheci que existem pessoas que se preocupam não só com elas, mais elas pensam em meus filhos e trabalham para que eles tenham um futuro, e finalmente reconheci que até o ato de se inscrever, em um laboratório para estudantes de jornalismo, pode ajudar a salvar o meio ambiente.

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